A articulação de um
grande pacto contra o crime
organizado é a meta número um do
novo ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo. Segundo ele, essa
articulação vai envolver
governadores, prefeitos e diversas
forças policiais em torno da
segurança pública.
O desafio será grande, pois o pacto
vai depender de uma composição
política entre governadores de
linhas ideológicas e partidárias
diferentes, assim como de diferentes
corporações policiais, como a
Polícia Federal, a Polícia Civil e a
Força Nacional de Segurança Pública.
Mas, Cardozo acredita que essa união
é possível e anunciou que pretende
realizar, em fevereiro, uma reunião
inicial com governadores para
preparar um projeto conjunto de
atuação. No encontro, ele pretende
mostrar que o objetivo não será o de
"tirar dividendos políticos
eleitorais", mas sim, o de
"construir algo de importante e
maduro para a sociedade brasileira".
"Seria um absurdo que viéssemos
impor as nossas linhas de atuação a
outros Estados", disse o novo
ministro. "Nós vamos sugerir e
procurar construir um pacto",
continuou. "Chegou a hora de
superarmos as divergências políticas
e ideológicas para que possamos
estar juntos, sem vaidades e sem a
ideia de que alguém será o
beneficiado desse processo."
Cardozo reconheceu que o pacto vai
ter de passar por negociações com
Estados governados pela oposição,
como São Paulo e Minas Gerais, sob o
comando do PSDB. "Eu sei que tanto o
governador Geraldo Alckmin (SP)
quanto o governador Antônio
Anastasia (MG) não pertencem ao meu
partido político e nem temos a
relação de estarmos no mesmo lado
nas últimas eleições. Mas, isso não
afasta o fato de que todos nós somos
agentes públicos. Antes de sermos
militantes partidários ou de uma
ideologia, nós temos um papel de
Estado."
Cardozo avaliou que o Rio de Janeiro
deu um "grande exemplo de união
entre a polícia e a sociedade" na
retomada do Complexo do Alemão, que
estava sob o domínio de traficantes.
Para ele, o episódio mostrou que,
quando entes federativos diversos,
como as Forças da União, o Estado e
o município se unem, é possível
atingir um objetivo em comum.
Foi a presidente Dilma Rousseff que
determinou a segurança pública como
prioridade para o Ministério da
Justiça. A partir desse
direcionamento, Cardozo começou a
construir a ideia, que foi
apresentada, ontem, em sua posse, de
um pacto com os Estados e as forças
policiais para reduzir a
criminalidade.
Inicialmente, o ministro verificou
que a segurança pública é uma tarefa
dos Estados. Em seguida, identificou
que esse fato não pode servir como
pretexto para que o governo federal
não chame para si a tarefa de
desenvolver ações nessa área. A
partir dessa concepção, Cardozo
decidiu buscar o apoio dos
governadores. "Esse pacto não deve
ser retórico, tendo como destino um
produto midiático", enfatizou o
ministro.
"Ele não deve ser feito para
favorecer a vida política deste ou
daquele ministro, ou daquele
governador ou prefeito. É chegada a
hora de minimizarmos as nossas
divergências político-partidárias",
continuou Cardozo. "Nós precisamos
articular ações preventivas e
repressivas de combate ao crime",
concluiu.
Juliano Basile - De Brasília
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